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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Desentendido

Ele era um garoto estranho, talvez ele fosse normal e os outros é que fossem estranhos. Vivia bem, era amigável, mas era um mau entendedor. Talvez ele tivesse um pouco de dislexia, talvez tivesse uma tendência sociopata, mas provavelmente não era isso: eram dúvidas que atrapalhavam sua existência. Tinha um número considerável de amigos, uma vida aceitavelmente agitada, mas ele não sabia o que fazer, porque fazer, e isso o entristecia. Chegou até a maioridade sem saber o que realmente era capaz, do que ele queria para o futuro que estava na sua frente. Ele queria conforto, paz, mas ele não sabia onde encontrar tal utopia. Ele vivia, olhando pra frente, esquecendo o passado e resistindo ao futuro, mas uma hora ele não suportou. As coisas não andavam do jeito que ele queria, parecia que o mundo conspirava contra ele. Ele se viu frágil, entrou em uma depressão profunda, e quando não se via em mais nada, só viu o copo de cianureto em cima de sua mesa, pronto para um drink mortal instantâneo. Enquanto realizava a preparação de seu desespero, se perguntava porque aquele momento estava acontecendo e o que levou ele a esse ponto. Ele não sabia, não se lembrava, só se lembrava de uma festa organizada para o dia seguinte: um encontro de velhos amigos, e o copo na sua frente. Morte instantânea, talvez seja por isso que ela foi usada diversas vezes no decorrer da história. Ele deixou a porta aberta, esperaria visitas no dia seguinte, para a festa. A triste reunião no dia seguinte não veio de surpresa, mas era estranha e até mesmo irônica. Ele reuniu todos que amava para dizer que ele finalmente entendeu sua estadia na Terra: ele deixou um bilhete ao lado do copo, e com a mais bela caligrafia, dizia: "não há nada para fazer nesse mundo que eu não entendo. Vejo vocês quando tiver todas as explicações". Um tempo depois, as pessoas continuaram suas vidas, independentes, e por fim se esqueceram dele, só se lembravam de um garoto estranho que se suicidou em um ato desesperado. Eles não entendiam, mas o garoto estranho só queria mesmo era saber quem ele realmente era. Ele queria ser feliz de verdade.

Um comentário:

  1. Dilemas de artista nato, porém, para ser feliz necessita-se esta vivo.
    Felicidade é um sentimento demasiado humano e só existe em contrapartida a tristeza, feito Deus e o Diabo, o Bem e o Mal... se complementa e coexistem... A arte ajuda a compreender isso... e o caminho, pelo jeito já te está traçado!

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