Novidade

Novidade:

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Um dia normalmente incomum

21 de junho de 2013, era uma sexta-feira

07:30
Um nevoeiro esperado
Marcava o início do inverno
O tão querido e odiado inverno
Querido pelas férias
Odiado pelas férias mal aproveitadas
Era uma sexta-feira normal que se iniciava
As pessoas em seus respectivos lugares, trajetos
A fila do mercado, do pão, as pessoas esperando o sinal abrir
E seguirem suas vidas, na rotina mórbida e conformista

13:00
O coração das pessoas batia mais forte:
Era hora do almoço
O vento frio que batia contrastava com o sol suave
Típico do inverno paulistano
As pessoas andavam, mas já diferentes, era sexta-feira
Mas alguma coisa estava faltando...
Talvez fosse a fome, o inverno
O vento batia de uma forma diferente
Era o amor, a diferença, o cansaço
Todos esperavam o fim do expediente

17:30
A melhor hora do dia:
O sol batia fraco e o frio aumentava
O efeito das grades, dos prédios, de tudo com o sol
Davam a maior alegria para um poeta, 
Para quem ama as coisas simples da vida
A multidão tomava as ruas e contavam o tempo para voltarem aos lares
Para a história ser traçada
Para relaxar e ver o sol fraco nas grades
No lirismo revolucionário do cotidiano

22:00
O dia acabava
E o vendo batia forte
Ventos novos, frente frias, ares de mudança
Tudo estava nos seus lugares há mais de sete anos
E agora só que percebo, percebem, que tudo mudou
O pessoal, o coletivo,  foi tudo mais um dia
O nevoeiro, o almoço, o sol fraco e o vento,
E esse poema
Foi tudo mais um dia

O dia

sábado, 15 de junho de 2013

Choveu

E eu, no meu espaço fechado,
Não vi a chuva desse inverno seco e triste
Que passou por minutos lá fora.
Só eu não vi a chuva.

E, quando fui desvendar a rotina,
Notei algo estranho:
As pessoas estavam menos ranzinzas
E até esboçavam um falso sorriso de esperança,
Nos pontos de ônibus, nas praças.
Estavam encolhidas de frio, de sono:
Aconchegadas.
Vi menos ego, menos poluição,
O azul do fim de tarde era mais intenso, reflexivo.
E assim todas foram indo.

Só eu não senti a chuva.

Os dedos da tristeza

Eu tentei nesse espaço
Fazer um poema que retratasse meu péssimo momento
Mas percebi que não é só a vida que não me aguenta mais
Meus dedos também

Quem diria, ó nervos, ó tendões
Que vocês me decepcionariam tanto
Na minha já decepção
Com essa omissão, essa revolta

De teclas, de caligrafia, de notas e cordas erradas
De desatenções, de masoquismo,
Vocês se machucam, erram, sofrem. Dedos sádicos
Que me veem sofrer e me fazem sofrer mais

Eu tentei fazer alguma coisa que prestasse à minha alma
Que me livrasse desses dilemas e ironias amargas
Mas meus dedos só servem bem para o que lhes interessa
(E algumas vezes eu penso que nem eu lhes interesso)