Novidade

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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A melodia do bardo

No bar o andarilho faz seu negócio
Vagando em seus monólogos não lineares,
Com a vida e a bebida como sócios,
Distribuindo olhares pelos bares que esteve a passar.

Sempre lhe diziam que a vida era má,
Até que ela fez uma grande proeza:
Na cabeça veio um si, depois um fá,
E nascia a grande riqueza na cabeça do sócio do bar.

O andarilho, com o instrumento na mão,
Na chuva, começou o improviso da bela canção,
Que faria um dia todos esses pagãos
Louvarem o São Bardo que iriam canonizar.

Mas a bebida ainda o consumia,
E ele a consumiu até cair na avenida.
E a música bela que a todos tocaria,
O mundo a conheceria, o sucesso seria,
Virou a melodia fúnebre do bardo
Que,onde quer que esteja, está livre a cantar.

(quem lhe dizia que a vida era má se enganou)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Noite

Com a ajuda de Osmar Evans...

À noite todos os gatos são pardos
Fadados a buscar ratos
Pelos bueiros fétidos da cidade,
Onde os homens sonham felicidade, sem fardos

À noite todas as luzes são fortes,
Trazendo nostalgia aos andarilhos.
Suas sombras reclamam da sorte,
Por seguir os mesmos trilhos.


Saudades choram em cada esquina
Na noite em que me esqueci,
Cada uma conta uma história,
Memória falha da qual vivi.

E assim nessa noite fria,
os alienados fecham as portas.
minha sombra,a unica luz, me guia,
na noite calma de palavras mortas.

Vida teatral

Grande peça da afeição
Que traço a traço foi feita
Para enganar o coração:
O teatro da vida imperfeita.

O teatro da ficção, do impossível,
Onde o grande protagonista não é o herói,
É só uma pessoa, que se corrói,
Para ter uma vida normal, previsível.

O teatro do falso amor,
Onde a paixão é só dor
De se ter sozinho, só o coração,
Na aposta geral da individual perfeição.

O teatro que, quando vai se acabar,
Não há elogios, palmas,
Só vazias mentes calmas
De decepção.