Novidade

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quarta-feira, 18 de abril de 2012

O poeta ataca novemente

E lá vem o poeta novamente,
Direto do ostracismo premeditado,
Com mais uma obra notória, querendo inovar,
Verossímil ao produto de um escritor falho.

E com grande eloquência,
Não tarda a ser "culto" e arrogante,
Recorrendo aos arcaísmos usuais
Para parecer que (ainda) tem uma mente pensante:

"Possível best-seller, meu magnum opus,
Obra sui generis de natureza metafísica,
Sumi pois estava escrevendo esta prosa na arcádia,
E ela é tão bela quanto qualquer poesia!"

Depois de um discuso ambíguo
Com rimas falhas e o texto impresso,
Assinou um milhão de exemplares
(Quase comprei esse livro, confesso).

O livro seria a salvação dos hipocondríacos,
Afinal a população vive a rotina da depressão,
Elas precisam de livros motivacionais para serem felizes
Enquanto em sociedades alternativas o poeta encontrou para isso solução.

O livro era de uma complexidade gramatical estúpida,
Mas alguém com baixo conhecimento achava normal.
E assim nessas obras a tese é comprovada
De que o ápice do culto é ser coloquial.

Pode ter sido um livro bem vendido
E provavelmente da tristeza muita gente "salvou",
Mas como é comum em artistas do gênero,
Do ostracismo ele veio e ao ostracismo voltou.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Os sonhos são flores altas


Os sonhos são flores altas
de umas distantes montanhas
que um dia se alcançarão.

Resta a areia, resta o barro,
pobreza de folha e conchas
em campos de solidão.

A menina da varanda,
com tantas asas nos braços
e borboletas na mão,

viu partirem grandes barcos,
por mares que não são de água
mas sim de recordação.

Os sonhos são flores altas
dentro dos olhos fechadas,
além da imaginação.

A menina da varanda
dormirá sobre os seus ossos.
E os sonhos, flores tão altas,
de seus ossos nascerão.


(Cecília Meireles)

sábado, 7 de abril de 2012

Espera

Na juventude a puberdade,
Na puberdade a faculdade,
Na faculdade a formação,
No emprego a melhoria,
Junto com a aposentadoria,
Na velhice a medicação.

Tantas esperas para alguém
Que só a morte espera.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Poema transposto

Eu          podia        ter             alguma     coisa
Podia      viver         uma          fábula,      qualquer,
Ter         uma          filosofia,   uma           ideia,
Alguma   fábula,      uma          felicidade   eterna.
Coisa      qualquer,   ideia        eterna,       irrealizada.