Novidade

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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Sussimborrealismo

Ontem eu dormi com uma ideia fixa,
Que não era nenhuma novidade:
O mundo não fazia sentido, não existia realidade
- Percebi que a solução era ser surreal, enlouquecia -
E dormi.


Quando levantei, senti uma coisa estranha
Um peso na cabeça além do normal.
Ela estava cúbica, com arestas chanfradas,
Sutis, como minha ignorância.
Eu era todo amarelo, deformado,
Nunca tinha me sentido tão cubista.
Meu coração estava à mostra, um buraco no peito.
Era verde de doer os olhos.
Tudo em volta era azul e branco,

Me senti uma bandeira do Brasil com as cores ao contrário.
Minha cama era uma poltrona reclinável,
Mais confortável e aquecida, vermelha.


Estava numa sala de aula toda azul e branca, como já dito,

E no tablado havia cinco "pessoas":
Meu inimigo cantava ópera como uma soprano;
Meu melhor amigo dançava tango argentino com uma cabra de plástico;
Villa-Lobos tocava sua 5ª Bachiana, acompanhando ora meu amigo ora meu inimigo,
Num violoncelo roxo com adesivos de desenhos animado;
Um gato de proporções humanas tentando ensinar física quântica;
Um garoto de uniforme dormindo, com uma corda no pescoço.

Acima deles duas "coisas" voavam:
Um elefante branco alado com a faixa presidencial
E um globo terrestre devorando cérebros e arrotando clichês.


A Morte surgiu e chegou perto de mim, perguntou se queria chá,
(Era uma voz suave e firme de mulher gentil, mas sagaz)
E aceitei.
Olavo Bilac, escravizado, trouxe a mesa já pronta para o chá das cinco.
Conversamos sobre a vida, sobre cultura, sobre filosofia,
Quando ela gritou "procrastinação!"
E tudo explodiu.


Acordei e, antes de abrir os olhos, testei se estava tudo normalizado.
E felizmente "estava", pelo menos no meu corpo
(Aquela surrealidade era muito mais que aleatoriedade,
Talvez tivesse algum significado, individual e coletivo,
Ou talvez precisasse dormir mesmo).
Quando abri os olhos, estava no meu quarto,
E todos,
Meu inimigo, meu melhor amigo, a cabra, Villa-Lobos, o gato, o garoto, o elefante, o globo, a Morte e Bilac
Dançavam can-can de saias com babados vermelhos e brancos,
Rindo da minha cara.


Fechei meus olhos novamente.

Um comentário:

  1. um elefante branco alado com a faixa presidencial, genius
    um menino dormindo de uniforme com a corda do pescoço... its so me

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